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Pós-graduaçãoMecânica clássicaMecânica Lagrangiana e Hamiltoniana


Teorema de Noether e leis de conservação


No campo da mecânica clássica, é importante entender os princípios fundamentais que governam o movimento de partículas e sistemas. Os dois formalismos mais poderosos neste campo são a mecânica Lagrangiana e a mecânica Hamiltoniana, nomeados em homenagem aos matemáticos Joseph-Louis Lagrange e William Rowan Hamilton. Dentro destes quadros, o teorema de Noether fornece insights profundos ao ligar simetrias e leis de conservação, demonstrando uma conexão profunda entre a física de um sistema e suas simetrias subjacentes.

Entendendo as simetrias e seu papel

Na física, a simetria implica que uma determinada transformação ou transformação em um sistema não resulta em diferença observável. A mecânica clássica lida frequentemente com simetrias como translação espacial, rotação e translação no tempo. Quando as equações de um sistema permanecem inalteradas sob tais transformações, ele exibe uma simetria.

Tomemos o exemplo simples de uma partícula livre se movendo no espaço. As leis que regem seu movimento não dependem de sua localização específica. Se a partícula estivesse em um local diferente no espaço, mas com a mesma velocidade, ela se comportaria da mesma forma. Isso indica simetria sob translação espacial.

Mecânica Lagrangiana: base

A mecânica Lagrangiana fornece uma reconstrução da mecânica clássica, introduzindo uma função Lagrangiana L que é definida como:

L = T – V
    

onde T é a energia cinética e V é a energia potencial do sistema.

O princípio da ação mínima afirma que o caminho tomado pelo sistema entre dois estados é aquele para o qual a integral de ação é constante. A ação S é dada por:

S = ∫ L dt
    

A equação de Euler–Lagrange derivada deste princípio fornece as equações de movimento:

d/dt (∂L/∂ẋ) – ∂L/∂x = 0
    

onde denota a derivada da coordenada x em relação ao tempo.

Teorema de Noether: unindo simetria e conservação

O teorema de Emmy Noether é uma pedra angular da física teórica, ligando fundamentalmente simetrias e leis de conservação. Ele afirma que toda simetria diferenciável da ação de um sistema físico corresponde a uma lei de conservação.

Por exemplo, se o Lagrangiano de um sistema não depende explicitamente do tempo, então o sistema exibe simetria de translação no tempo, levando à conservação de energia.

Exemplo: conservação do momento

Considere um sistema unidimensional cujo Lagrangiano depende apenas da velocidade v, não da posição x:

L = 1/2 m v²
    

A aplicação da equação de Euler–Lagrange, a simetria de transferência espacial implica:

d/dt (mẋ) = 0
    

Esta equação revela a conservação do momento linear, p = mẋ.

A ideia de conservação

Partícula 1 Partícula 2

O diagrama acima mostra duas partículas em uma superfície sem atrito. A menos que uma força externa atue sobre elas, seu momento combinado permanece constante, o que é um exemplo do princípio de conservação.

Mecânica Hamiltoniana: uma abordagem alternativa

A transição da mecânica Lagrangiana para a mecânica Hamiltoniana envolve uma mudança no espaço de fase, caracterizada por coordenadas e momentos. O Hamiltoniano H representa a energia total do sistema:

H = T + V
    

As equações de Hamilton, derivadas do princípio da ação estacionária, dão a evolução temporal do sistema:

ẋ = ∂H/∂p
ṗ = -∂H/∂x
    

Aqui, p é o momento generalizado, e as equações fornecem um conjunto de equações diferenciais de primeira ordem comparadas às equações de Euler–Lagrange de segunda ordem.

Exemplo: conservação de energia

Para um oscilador harmônico simples com o Hamiltoniano:

h = (p²/2m) + (1/2)k x²
    

As equações de Hamilton produzem duas equações acopladas que conservam a energia total do oscilador ao longo do tempo.

Visualização do espaço de fase

H = constante

Acima está um diagrama de espaço de fase para o oscilador harmônico, que mostra o caminho como um loop fechado, simbolizando energia constante. O sistema sempre segue a mesma trajetória, o que destaca a conservação de energia.

Teorema de Noether na mecânica Hamiltoniana

Na mecânica Hamiltoniana, o teorema de Noether pode ser aplicado de forma semelhante. A simetria central do Hamiltoniano leva a uma quantidade conservada. Mais geralmente, a simetria de translação no tempo no formalismo Hamiltoniano implica a conservação de energia.

Exemplo: conservação do momento angular

Para um sistema com simetria rotacional, o momento angular é conservado. Considere:

h = (p²/2m) + (1/2) m ω² r²
    

Podemos concluir que o momento angular L = r × p permanece constante, dada a simetria rotacional.

Visualização da simetria rotacional

R P

Os vetores posição r e momento p refletem a conservação do momento angular através da simetria rotacional contínua.

Influência e implicações mais amplas do teorema de Noether

O teorema de Noether desempenha um papel importante em uma variedade de campos além da mecânica clássica:

  • Mecânica quântica: As simetrias e leis de conservação derivadas do teorema de Noether são importantes para entender as interações de partículas.
  • Relatividade geral: Na teoria de Einstein, o teorema explica a conservação de energia–momento em simetrias de espaço-tempo curvo.
  • Física de partículas: O Modelo Padrão depende fortemente dos princípios de simetria fornecidos pelo teorema de Noether.

A beleza conceitual e a universalidade do teorema de Noether enfatizam sua importância. Ao vincular sistematicamente simetrias a leis de conservação, ele amplia significativamente nossa compreensão dos fenômenos físicos.


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