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Teoria do espalhamento quântico
A teoria do espalhamento quântico é uma parte fundamental da mecânica quântica que lida com a interação de partículas. É usada principalmente para entender e descrever como partículas como elétrons, prótons ou mesmo átomos e moléculas se espalham após interagir umas com as outras ou com um potencial. Esta teoria é essencial em campos como física atômica, nuclear e de matéria condensada.
Conceitos básicos
Para entender a teoria do espalhamento quântico, é importante primeiro compreender teorias quânticas básicas como a função de onda e a equação de Schrödinger. A função de onda descreve o estado quântico de um sistema e é usualmente representada pelo símbolo ψ (psi). A equação de Schrödinger governa a evolução destas funções de onda:
iℏ (∂ψ/∂t) = Hψ
Onde:
- i é a unidade imaginária.
- ℏ (h-bar) é a constante de Planck reduzida.
- H é o operador Hamiltoniano representando a energia total do sistema.
Processo de espalhamento
Em um evento de espalhamento, uma onda incidente, como um feixe de partículas, incide sobre um alvo ou potencial. As partículas interagem com este alvo, resultando em ondas espalhadas que viajam em diferentes direções. Um aspecto essencial desse processo é determinar a probabilidade de as partículas se espalharem em uma direção específica. Esta probabilidade é descrita pela amplitude de espalhamento, denotada como f(θ, φ), onde θ e φ são ângulos que indicam a direção do espalhamento.
Função de onda em espalhamento
Na mecânica quântica, geralmente usamos dois tipos de funções de onda para descrever o espalhamento:
- Onda plana incidente: representa partículas incidentes e geralmente é escrita como:
ψin = ei(𝐤·𝐫 - ωt)
- Onda espalhada: Descreve as partículas após o espalhamento. É frequentemente esfericamente simétrica e é dada como segue:
ψsc = f(θ, φ) (eikr /r)
Análise de ondas parciais
Um método de simplificar problemas de espalhamento é a análise de ondas parciais. Nesse método, a função de onda é expandida em uma série de harmônicos esféricos. Isso se torna particularmente útil porque cada termo da série (chamado de onda parcial) pode ser analisado de forma independente. A função de onda total pode ser expressa como:
ψ(r, θ, φ) = Σ (2l + 1) il eiδl Pl (cos θ) (eikr /r)
Onde as condições são:
- Pl são polinômios de Legendre.
- δl é o deslocamento de fase, que contém informações sobre o potencial.
- Σ representa a soma dos diferentes estados de momento angular.
Teorema óptico
O teorema óptico é um resultado notável e muito útil na teoria do espalhamento, que relaciona a seção transversal total à amplitude de espalhamento para frente. É dado como:
σtotal = (4π/k) Im[f(0)]
Aqui, σtotal é a seção transversal, Im indica a parte imaginária, e f(0) é a amplitude de espalhamento para frente.
Equação de Lippmann–Schwinger
Outra equação central na teoria do espalhamento quântico é a equação de Lippmann-Schwinger. Esta é uma equação integral que fornece um meio de calcular a função de onda espalhada dado o potencial de interação. É escrita como:
ψ+ = φ + (1/E - H0 + iε) Vψ
Nesta equação:
- ψ+ é a função de onda de saída.
- φ é a função de onda incidente.
- V é o potencial de interação.
- H0 é o Hamiltoniano livre.
- ε é um número positivo muito pequeno usado para garantir a convergência da integral.
Representação visual
Para melhor entender o espalhamento, vamos considerar uma representação visual. Aqui, representamos uma onda plana incidente que se espalha de um potencial esférico, resultando em uma onda esférica de saída:
Exemplos e cálculos
Para entender como a teoria do espalhamento quântico é aplicada, vamos examinar alguns exemplos simples:
1. Espalhamento de uma esfera rígida
Considere um cenário onde partículas são espalhadas por uma bola rígida. Esta interação pode ser modelada como um potencial que é zero em todos os lugares, exceto na superfície da esfera. Nestes casos, o deslocamento de fase para cada onda parcial é dado ao se igualarem as condições de contorno na superfície.
2. Potencial de Yukawa
O potencial de Yukawa é outro exemplo clássico, comumente encontrado na física nuclear. É dado como:
V(r) = -g (e-αr /r)
Aqui, g é a força da interação, e α define o limite. Calcular a amplitude de espalhamento com este potencial envolve resolver a equação de Lippmann–Schwinger numericamente.
Aproximação de Born
Para potenciais fracos, a aproximação de Born fornece um meio de calcular as amplitudes de espalhamento. A aproximação de Born de primeira ordem para a amplitude de espalhamento é:
f(θ, φ) ≈ -(2π²m/ħ²k) ∫V(r')ei(kk')·r' d³r'
Esta aproximação é válida quando o potencial é fraco ou o comprimento de onda da partícula incidente é muito maior do que o alcance do potencial.
Conclusão
A teoria do espalhamento quântico é uma estrutura versátil e poderosa que fornece insights profundos sobre a natureza das interações quânticas. Ela forma a base de muitas aplicações práticas em vários campos da física. Seja a bela formulação de funções de onda, análise de ondas parciais ou soluções numéricas de equações integrais, a teoria é uma parte indispensável do kit de ferramentas do físico.